Luiz Rodas
Um olhar, um lampejo... Lembranças na gaveta.
Textos
MEU ALIMENTO
Eu já não me importo com a remota manhã ensolarada, aquela tão sonhada, desejada só para nós dois.

Aqui em mim, espiritual e harmoniosamente, sempre haverá a rotineira visita de uma conhecida brisa que me marca o rosto, que me mapeia, infinitamente, com as tuas digitais.

Respondo presente a todos os chamados, até aos discretos avisos da felicidade, esse oxigênio sustentáculo da vida.

Aprendi, na tua ausência, a conversar com o silêncio.

A solidão e eu, somos íntimos confidentes.

Busco a tua presença nesse coração adotivo que porto. A abstração me conduz, sob a luz de um arco íris, num barco leve, flutuante em tuas águas claras.

Sinto-me seguro. Há um invejável carisma nos teus braços que é meu refúgio.

Na tua boca, encontrei minha fonte cristalizada  de encantos, de sabores, de calores...

E aqui, um coração que acelera, depois descompassa por um amor, até que eu me faça merecer, até que eu viva.

A hora d'agente é a principal página de qualquer livro, a apoteose do melhor capítulo.

Cada dia nos liberta, paulatinamente, verso a verso. Nos alimenta minuto a minuto.

Pelo retrovisor, revejo momentos de renúncia, de abdicação da luz, de um andar intrépido na chuva.

Inacreditável! Logo eu que havia desacreditado de mim, que franqueara as porteiras para o acaso destino.

Ansiando ser feliz, eu muito imitei o que sou. Até abdiquei do sorriso, cerrando os meus olhos para a luz dos nossos sonhos.

Atravessei o meu "saara". Não estava convicto da terra prometida mas refiz-me do cansaço.

E o tempo, não meu, me impôs, me recompôs...
Enfim, cheguei.

Com o meu estoque de afetos, preenchi uma histórica lacuna. Eu já nem sei se é a minh'alma que habita, hoje, em mim ou se sou eu que estou dentro dela.

Contemplo um azul firmamento mais perto do chão, cujo reinado teu, é aqui dentro.

Nem sei se sou escravo ou senhor. Só sei que estou atento às tuas demandas.

Escrevo os meus versos dispersos, difusos, tentando dizer que és o meu resumo, a minha rima rara, a causa dos meus vícios, a pontualidade dos meus compromissos, a mais deliciosa mistura de jura com sabor de aventura.

Saboreio, agradecido, esse amadurecido amor como uma fruta divina adoçada por Deus!
Luiz Rodas
Enviado por Luiz Rodas em 22/05/2019
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