Luiz Rodas
Um olhar, um lampejo... Lembranças na gaveta.
Textos
Impressões Temporais
IMPRESSÕES TEMPORAIS
Por Luiz A G Rodas

Você, tempo, me deve algumas respostas para as perguntas que jamais ousei fazer. Mas, de antemão, posso lhe garantir que você não está tão bem quanto parece.
Tenho inúmeras provas de que estou bem a sua frente. Logo você que sempre esteve ao meu lado!
Você pode não se convencer mas aí estão o fatos. Reconheça que você não conseguiu retratar, representar ou simbolizar, através das suas impressões temporais, os altos e baixos da minha valiosa vida. Mostre-me onde e quando você marcou aquela lágrima que me hidratou o rosto depois de uma dolorosa despedida ou algo que localizasse as emoções e alegrias dos reencontros.
Um a zero pra mim. No meu coração você não teve acesso!
Você disfarçou-se nas minhas brincadeiras infantis. Sendo mestre, participou da formação do meu caráter. Estudou os pormenores da minha personalidade.
Na minha adolescência foi você traiçoeiro. Puniu-me com dores projetadas para qualquer dos meus deslizes. Vingativo e até preguiçoso, mandava sua cúmplice ansiedade parar tudo, quando eu pedia para você acelerar. Outras vezes, por pirraça, passava como a velocidade da luz nas questões finais de uma prova difícil.
Agora, na melhor idade, você se estabeleceu de vez. É "real time" mas continua intrometido. Imagina, em todas as minhas expressões e poses lá está você, bem a minha frente.
Exímio conhecedor da minha geografia, traça-me novos contornos, irregulares em texturas e cores. Em baixo relevo, modernamente, desenha criativos códigos de barras revelando minha experiência cronológica.
Estabelece-me limites e horários, sobretudo, os dos medicamentos. É, realmente, um exigente patrão, esse Meu Tempo.
Assim, diante de tantos argumentos e como bom competidor, reconheço a goleada e o poderio do meu forte adversário.
Quando tentei dar um tempo, cometi erro fatal;
Quando vacilei, pensei haver lhe perdido;
Mas nem nas diversões consegui lhe matar.
Reconheço, humildemente, que você, meu caro tempo, é mesmo implacável, impiedoso e eterno.
Luiz Rodas
Enviado por Luiz Rodas em 03/07/2017
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